Em plena semana da realização do esperado e grande encontro internacional da sustentabilidade naRio+20, a cidade de São Paulo sediou o Simpósio “Eficiência no Uso de Recursos e Economia Verde: Oportunidades para Edifícios e Cidades Sustentáveis”, organizado pelo CBCS – Conselho Brasileiro da Construção Sustentável, SBCI – Sustainable Buildings and Climate Initiative e pelo Unep – United Nations Environment Programme.
Destaque na abertura do evento, Pavan Sukhdev, economista indiano radicado em Londres e um dos dinamizadores do conceito da Economia Verde, vaticinou: “vai dar tilt nas principais cidades do mundo”. Ele explica que a maioria das decisões econômicas caminha na direção oposta à da sustentabilidade. “Estamos monetizando a natureza só que da pior maneira possível. Por causa da invisibilidade econômica do meio ambiente, nós estamos atribuindo um valor igual a zero à natureza”.
No Brasil, um dos piores exemplos dessa lógica de análise é o subsídio que o governo dá ao setor automobilístico para ativar a economia e a contrapartida desconexa do congestionamento dotrafego nas maiores cidades e estradas do país, que gera poluição, desperdício, stress e um grande custo social, recentementeavaliado em 52 bilhões de reais por ano pela prefeitura da cidade de São Paulo. Qual seria o valor da natureza ofendida nessa conta?
Especialista em medir e avaliar impactos de obras e intervenções na natureza e nas comunidades, Pavan explicou que o desenvolvimento urbano e intervenções privadas nas cidades não podem considerar o meio-ambiente com valor igual a zero em suas planilhas de custo: “não se trata de colocar um preço sobre o valor da natureza, até porque a abelha não passa um recibo quando produz o mel, mas de ampliar a consciência dos agentes econômicos para o valor dos impactos sobre o custo do capital natural e social”, explicou.
Para o setor da construção civil e para o urbanismo das cidades, a mensagem é clara: dever-se-ia considerar no cálculo dos custos das intervenções não só os investimentos para a obras em si, mas a análise do ciclo de vida dos produtos e sistemas empregados nas edificações, sejam elas públicas ou privadas, bem como seus efeitos na qualidade de vida da comunidade afetada durante e depois de terminadas.
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